quarta-feira, 16 de julho de 2014

Dois cometas pelo preço de um!




(Mensageiro Sideral - Folha) Uma surpresa incrível se revelou aos “olhos” da sonda espacial europeia Rosetta ao se aproximar de seu alvo, o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Ele na verdade não é um cometa, mas dois — um grudado no outro. A notícia foi divulgada pela CNES, a agência espacial francesa, e promete ser apenas a primeira de muitas revelações da missão.

As imagens falam mais do que mil palavras. Registradas há cinco dias, elas mostram o cometa conforme ele gira em torno de seu eixo, a uma distância de cerca de 20 mil km. O que antes se mostrava apenas um formato irregular agora já revela contornos mais nítidos, e já se percebe que ele é composto por dois bólidos diferentes, colados.

É o que os cientistas classificam como um astro binário de contato, ou seja, um sistema duplo em que ambos os objetos se tocam. Cálculos feitos por um dos líderes da missão (e citados por Emily Lakdawalla no blog da ONG Planetary Society) sugerem que algo assim só poderia ter sido produzido por um contato relativamente suave entre os dois, a modestos 3 metros por segundo.

Com sua forma irregular, o núcleo duplo do Churyumov-Gerasimenko tem cerca de 4 km por 3,5 km. No momento, a Rosetta prossegue em sua perseguição ao cometa, até atingir a modesta distância de 100 km da superfície, em 6 de agosto. Então, a sonda deve se tornar a primeira a orbitar um objeto desse tipo. E, em novembro, um pequeno módulo de pouso, Philae, deve tentar descer até a superfície — um desafio que agora fica maior, diante da forma irregular da superfície.

O estudo dos cometas é entusiasmante. Não só esses bólidos feitos de gelo e rocha recontam a história da origem do Sistema Solar — são remanescentes do processo de formação planetária — como a intrigante presença de água e compostos orgânicos neles faz pensar que esses objetos possam ter tido um papel importante na origem da vida na Terra.



EXPLORAÇÃO NA VEIA
Lançada em 2004, a Rosetta é a mais ousada missão já lançada com essa finalidade. Ao se manter em órbita do cometa, ela acompanhará sua jornada na direção das regiões mais internas do sistema. É aí que o gelo na superfície do cometa começa a sublimar (se converter em gás) e produzir a famosa cauda que caracteriza esses objetos.

No momento, sonda e cometa estão na região do cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter. Em um ano, o Churyumov/-Gerasimenko estará no periélio, próximo à órbita da Terra, atingindo seu pico de atividade. O que descobriremos durante esta jornada? Essa é parte da graça: não sabemos.

Este é um daqueles momentos em que nos sentimos todos um pouco pioneiros do espaço, acompanhando uma jornada de exploração em tempo real. É quase como se Cristóvão Colombo tivesse Twitter e Facebook em 1492.
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E mais:
O ano dos cometas (Cássio Leandro Dal Ri Barbosa - G1)
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Sonda espacial pode estar perseguindo 'cometa duplo' (Veja)
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Rosetta revela a estrutura incomum do cometa 67P-Churyumov-Gerasimenko – um binário de contato (Eternos Aprendizes)
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O que nos diz a estranha forma do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko? (AstroPT)
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Sonda pousará em cometa duplo (Inovação Tecnológica)
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Infográfico da Missão Rosetta (Eternos Aprendizes)
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Sonda descobre que cometa é, na verdade, duas pedras de gelo (Info)

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