quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013
O cometa do século?
(Cassio Leandro Dal Ri Barbosa - G1) No espaço profundo, além da órbita de Júpiter, uma luzinha tênue se move cada vez mais rápido em direção ao Sol. À primeira vista, esse pontinho de luz não é diferente das milhares de estrelas distantes e tão fracas quanto ele. Para revelar sua natureza e ganhar algum destaque, é preciso um grande telescópio. Só assim é possível notar que se trata de um cometa.
Mas, talvez, não apenas mais um cometa. Quem sabe esse pontinho de luz se revele “O” cometa.
O discreto pontinho de luz foi descoberto pelos astrônomos russos Vitali Neveski e Artyom Novichonok em setembro de 2012 e recebeu o nome de Ison. Não é nada muito poético, é simplesmente a sigla em inglês da Rede Internacional de Óptica Científica. Um pouco melhor que seu nome oficial C/2012 S1.
Imagens obtidas desde então mostram que o cometa está bem brilhante para sua distância. Já em fevereiro, o Ison cruzou a órbita de Júpiter e está a uns 790 milhões de km. Novas imagens obtidas agora pela sonda Deep Impact mostram que ele continua brilhando intensamente para esta distância.
A sonda Deep Impact é uma veterana estudiosa de cometas, e depois de observar os cometas Tempel 1 e Hartley 2, agora está de olho no Ison. Com imagens obtidas durante 36 horas entre os dias 17 e 18 de janeiro, muitos astrônomos estão especulando se este pequeno ponto de luz irá se transformar em um show de fim de ano.
A ideia atual é que essa é a primeira vez que o Ison vem das profundezas do Sistema Solar em direção ao Sol e deve passar muito próximo dele em meados de novembro. Para brilhar tanto a esta distância, esse cometa deve ser composto por muito gelo, que evapora ao menor aumento de temperatura, fazendo o seu núcleo brilhar. De fato, mesmo a esta distância gigantesca, o Ison já exibe uma cauda de quase 65 mil km de extensão.
As estimativas atuais dizem que o núcleo do Ison tem entre 1 e 10 km de diâmetro com muito gelo sujo, isto é, compostos voláteis como amônia, monóxido de carbono, dióxido de carbono e metano, por exemplo, todos congelados. De acordo com as previsões mais otimistas, quando esse cometa chegar próximo ao Sol, se tornará tão brilhante que poderá ser visto de dia.
Mas esse é um chute e tanto! Não do brilho que ele deve atingir, mas se o Ison sobrevive à passagem nas proximidades do Sol. Com uma composição tão volátil assim, a força gravitacional do Sol, bem como sua intensa radiação poderiam facilmente destruir o seu núcleo, fragmentando-o em milhares de pequenos pedaços. Isso aconteceu recentemente com o cometa Elenin, que prometia tanto quanto o Ison promete. A diferença é que o Elenin era bem menor. Em contrapartida, o cometa Lovejoy passou pela atmosfera do Sol em 2011 e emergiu intacto para o deleite dos observadores. O Ison deve passar também pela atmosfera do Sol a meros 110 mil de km do que podemos chamar de sua “superfície” no dia 28 de novembro. A máxima aproximação da Terra deve ocorrer no dia 26 de dezembro, quando estará a 60 milhões de km de distância.
O negócio é aguardar pela primavera deste ano e torcer para que o Ison nos dê esse presente.
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Excelente artigo de divulgação. Parabéns ao autor.
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