terça-feira, 20 de março de 2012

Toma essa, Bruce Willis!


(Cassio Leandro Dal Ri Barbosa - G1) A sonda europeia Rosetta, lançada em 2004, tem uma missão de dar inveja a tudo que já se fez para estudar cometas e rivaliza até com a ficção científica. A previsão é para 2014, mas desde já a expectativa é enorme. A Rosetta foi projetada para estudar o cometa 67P/Chiryumov-Gerasimenkoand, que por motivos óbvios vamos chamar de 67P, e foi lançada em 2004 pela agência espacial europeia, mas que carrega também instrumentos norte-americanos.

Cometas são sobras da formação do Sistema Solar que conservam muitas das características originais da nuvem progenitora. Formados por um núcleo rochoso coberto por gelo de diferentes espécies químicas, os cometas se tornam atrações fantásticas quando se aproximam do Sol e uma cauda gasosa se forma quando o gelo se evapora. Mas, enquanto eles permanecem nos confins do Sistema Solar, são pouco afetados pela radiação solar, de modo que suas características são bem preservadas. Assim, eles são verdadeiras minas de informação sobre a formação do nosso sistema planetário, há 4,5 bilhões de anos.

Tudo o que sabemos sobre cometas veio de observações em solo e sobrevoos de sondas. Uma exceção foi a sonda Deep Impact, que teve o sobrevoo, mas lançou um bloco de metal contra o núcleo do cometa 9P/Tempel 1 para provocar uma nuvem de destroços que pudesse ser analisada, tanto por telescópios na Terra, quanto na própria sonda. Não foi exatamente um pouso, foi muito mais uma “agressão”.

Com a Rosetta será diferente. Essa sonda tem o nome da famosa pedra de Roseta, que foi a chave para decifrar os hieróglifos egípcios antigos. Em uma pedra, encontrada em 1799, um mesmo texto está escrito em três línguas: em hieróglifos do egípcio antigo, o demótico (outra escrita egípcia antiga) e o grego antigo. Enquanto o primeiro era uma total incógnita, o terceiro texto podia ser lido perfeitamente e assim foi possível decifrar os hieróglifos egípcios. A pedra de Roseta foi a chave para conhecermos melhor o antigo Egito; a nave Rosetta, espera-se, será a chave para se entender melhor a formação do Sistema Solar.

E o que ela tem de tão fantástico? A Rosetta carrega um módulo de pouso chamado Philae, que é o nome de uma ilha no rio Nilo cheia de hieróglifos, que serviram para aplicar as descobertas da pedra de Roseta. Esse módulo deve pousar suavemente no núcleo do cometa 67P e fazer alguns estudos do núcleo. Como a gravidade de um corpo desses é muito baixa, a Philae vai perfurar o núcleo e se fixar nele com estacas. Além de imagens, a Philae deve recolher amostras do solo para estudos em microscópios. Mas mais do que isso, o módulo deve acompanhar toda a metamorfose sofrida por um cometa ao se aproximar do Sol.

Quando um cometa se aproxima do Sol, a quantidade de radiação aumenta, o calor aumenta e o gelo do núcleo se vaporiza. Em outras palavras, o núcleo torna-se ativo, com explosões, jatos, gêiseres e todos os tipos de erosão. A Philae deve acompanhar isso tudo, mandando imagens diretamente do meio dessa bagunça toda. A Rosetta, em particular, deve ficar orbitando o 67P por uns 17 meses e vai assistir de camarote.

A sonda está atualmente em estado de hibernação e deve ser acordada no comecinho de 2014. Depois disso, deve passar um mês de testes e, se tudo estiver bem, em agosto do mesmo ano, ela deve entrar na órbita do núcleo do cometa, procurando um local adequado para o pouso da Philae. Quando isso acontecer, a Rosetta vai chegar a 1 km de distância do 67P e lançar o módulo. O pouso da Philae está previsto para novembro de 2014 e deve começar seus estudos imediatamente.

Ninguém sabe nem tem como prever quanto tempo a Philae vai conseguir ficar intacta. Pode ser que, quando ela pouse, o núcleo do cometa já esteja ativo e bastaria que ela tentasse se fixar sobre um bolsão de gás para acabar com o projeto. Mesmo com tantos riscos, essa missão é muito promissora e parece muito mais empolgante que qualquer filme sobre isso.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Cometa penetra em explosão solar e ruma contra a estrela

(Apolo11) Nem bem terminaram os efeitos da última tempestade solar e o astro-rei é novamente o centro das atenções. Ao mesmo tempo em que a estrela ejetava uma nova e grande carga de massa coronal, um solitário cometa penetrava dentro da nuvem de partículas e agora ruma contra a superfície do Sol.


O vídeo mostra a explosão solar de classe M7 e a consequente chuva de prótons registrada pelos sensores a bordo do telescópio solar Soho. No canto esquerdo inferior, rumando em direção ao Sol vemos o cometa Swan, cuja jornada está sendo acompanhada por milhares de pesquisadores. Créditos: Nasa/ESA/SOHO, Apolo11.com.


Aproximadamente às 14h30 pelo horário de Brasília, uma nova ejeção de massa coronal (CME) foi registrada na superfície do Sol. De acordo com o Centro de Previsão de Clima Espacial dos EUA, SWPC, o flare solar é de média intensidade energética e está situado no nível M7, em uma escala que vai até M9.

O evento ocorreu na região da mancha solar 1429, que nos últimos dias provocou a maior tempestade solar desde 2005.

A previsão é que as partículas ejetadas cheguem à Terra na quinta-feira de madrugada e da mesma forma que nas explosões anteriores poderão provocar tempestades geomagnéticas de nível moderado. Além das partículas carregadas que estão se dirigindo contra à Terra, uma carga de prótons acelerados pela explosão está penetrando a alta atmosfera produzindo tempestades de radiação solar classe S2, de risco moderado.

Tempestades classe S2 podem trazer riscos biológicos para passageiros ou tripulantes de aeronaves que voam em grandes altitudes nas latitudes mais elevadas.

Classificação das Tempestades Solares
Quando observadas dentro do espectro de raios-x, entre 1 e 8 Angstroms, os flares produzem um intenso brilho ou clarão. A intensidade desse clarão (flare) permite classificar o fenômeno.

Os flares de Classe X são intensos e durante os eventos de maior atividade podem provocar blackouts de radiopropagação que podem durar diversas horas ou até mesmo dias. Em casos extremos podem causar colapso em sistemas de distribuição de energia elétrica, panes em satélites, destruir transformadores e circuitos eletrônicos.

As rajadas da Classe M são de tamanho médio e também causam blackouts de radiocomunicação que afetam diretamente as regiões polares. Tempestades menores muitas vezes seguem as rajadas de classe M.

Por fim existem as rajadas de Classe C, fracas e pouco perceptíveis aqui na Terra.

Cometa Swan
Ao mesmo em que a mancha solar 1429 produzia uma nova emissão de partículas, detectores a bordo do satélite de observação SOHO registravam um novo cometa prestes a ser dizimado pelo Sol.

Detectado pela primeira vez pelo instrumento SWAN (Solar Wind Anisotropies) a bordo do telescópio SOHO, o cometa está chamando a atenção por ser o objeto mais brilhante em rota de colisão solar desde o cometa C/2011 W3 Lovejoy, em dezembro de 2011. Na ocasião, Lovejoy chamou a atenção dos observadores em todo o mundo após resistir à tórrida passagem pela atmosfera solar e se tornar visível por diversos dias nos céus do hemisfério sul.

Não se sabe se Swan vai repetir o mesmo feito de seu antecessor ou se vai ser consumido totalmente a poucos quilômetros do Sol, mas uma coisa é certa: acompanhar o cometa durante as próximas horas é uma atividade imperdível!
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Matérias similares no G1 e Hypescience
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sexta-feira, 2 de março de 2012

Convocação aberta para participação da Seção de Cometas da LIADA

(LIADA - texto em espanhol)

Convocatoria abierta a participar en Astronomía Cometaria

"Estimados foristas:

Les envío muy gustosamente esta nota con el fin de interesarlos en nuestro proyecto de observación, fotografía y estudio de los Cometas.

Nuestro interés está dirigido a contactar a los “observadores visuales”, astrofotógrafos, Observatorios MPC y a los Profesionales que estén trabajando en Astronomía Cometaria, para lograr una integración y vínculo con la Sección de Cometas de la LIADA. Y profundizar en la relación y vínculo profesionales-aficionados, en una interacción mucho más fuerte y de importantes logros en la presente década.

Además, es de nuestro interés el de designar a personas -capacitada en la materia o dispuesta responsablemente a hacerlo- a ser de nexo y colaboración con la Sección de Cometas en cada uno de los países miembros de la Liga. Así por medio de los Coordinadores Locales poder gestionar todas las acciones que permitan la concreción del objetivo central de la misma. Nuestro interés radica en la necesidad de trabajar en un marco más amplio de países participantes del proyecto de observación visual, registros fotográficos, astrometrías y fotometrías de los Cometas.

Ya la Sección tiene fuertes vínculos y viene trabajando con profesionales especialistas del tema. Además, de “Coordinadores Locales” en: Argentina, Brasil, Cuba, México, Perú y Uruguay. Y las puertas están abiertas para que muchos más se sumen. Dada la amplitud de los temas vigentes hoy; ellos permiten la participación de los Aficionados a la Astronomía con la posibilidad concreta de producir aportes de calidad en muchos rubros no cubiertos completamente por la Astronomía Profesional. No solo esto se esta dando en el tema de los “Cometas”, sino también en: planetología, planetas extrasolares, dobles, variables, asteroides, ocultaciones asteroidales, novas y supernovas. De modo que este espacio disponible que se abre para “hacer” Astronomía es valiosísimo. Hay una puerta abierta que nos convoca a todos a ser parte de este nuevo mundo que se abrió hace 400 años de la mente curiosa y escrutadora de un hombre llamado Galileo Galilei.

Un sincero abrazo,

Luis Alberto Mansilla Salvo
SECCIÓN de ASTRONOMÍA COMETARIA de la LIADA
http://cometas.liada.net
cometas.liada@gmail.com"