quarta-feira, 12 de maio de 2010

Restos de cometas trazem avanços sobre sistema solar

Composição encontrada deriva de sedimentos extraterrestres


Estação franco-italiana Concordia, na Antárctida



(Ciência Hoje - Portugal) Foi na estação franco-italiana Concordia, na Antárctida, onde se situa o Instituto Polar Paul Emile Victor (IPEV), que uma equipa de investigadores descobriu partículas de uma nova forma de vida, de composição rica em matéria orgânica, cujos grãos foram atribuídos a restos de cometas. O estudo foi recentemente publicado na revista «Science».

Os cientistas franceses recolheram amostras que foram posteriormente levadas para o Museu Nacional de História Natural, em Paris (França), com o objectivo de medir a composição isotópica do hidrogénio contido. Enquanto analisavam o deutério (um isótopo natural do hidrogénio) verificaram que a relação deutério/hidrogénio era dez vezes maior do que a que geralmente se encontra na Terra.

Segundo um dos autores do estudo, Jean Duprat, níveis tão elevados existiam em regiões frias do nosso sistema solar aquando da sua formação, há 4,5 milhares de anos – o que pode significar que a poeira encontrada é bastante primitiva. Os astrofísicos ressalvaram que a descoberta foi bastante importante para perceber mais sobre o nosso sistema solar e a composição química da época.

Os restos encontrados ficaram ‘encarcerados’ no corpo congelado dos cometas até agora. Segundo Duprat, “quando estes [cometas] se aproximam do sol, parte da poeira é libertada devido ao calor e se estes podem ser encontrados na Terra, significa que podem atravessar a atmosfera para terminar o curso na superfície do nosso planeta”.

As partículas foram encontradas durante uma expedição à Antárctida, longe das costas. Embora, o investigador admita que possam cair em qualquer local, ficam geralmente “afogada” no pó terrestre.

Investigadores analisam partículas de cometa

Partículas extraterrestres
O continente antárctico é um dos locais ideais para os astrofísicos – é circundado por oceanos, o vento sopra do centro para o exterior, e, por isso, as partículas terrestres dificilmente atingem o centro da Antárctica. Estas condições levam a crer que as partículas encontradas são de origens extraterrestres. “Encontramos seis em dez que parecem vir de cometas e esperamos descobrir mais”, previu ainda Jean Duprat.

Os grãos de poeira, descobertos a quatro metros de profundidade enterrados na neve, têm 0.1 milímetro. Até agora, apenas a missão espacial norte-americana Stardust, em 2006, tinha permitido aos investigadores analisar este tipo de partículas de cometas – que informam cientistas sobre o fluxo de matéria extraterrestre que atingia a Terra.

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