segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Tire suas dúvidas sobre os cometas

(EBC)



1) O que são os cometas?
São corpos pequenos, irregulares, em geral formados por uma mistura de grãos não voláteis e gases congelados. São objetos pertencentes ao Sistema Solar pois estão ligados gravitacionalmente ao Sol.

2) Por que um cometa tem cabeleira e cauda?
Os cometas, na verdade, têm três partes: o núcleo, a cabeleira e a cauda. O núcleo é a região mais central, sólida, congelada, mais ou menos do tamanho de uma montanha da Terra (algo da ordem de 10 km de diâmetro). A cabeleira (ou coma) é uma nuvem gasosa, aproximadamente esférica, que recobre o núcleo e pode ter até cerca de meio milhão de quilômetros de diâmetro. Ela é formada por material que se desprendeu do núcleo aquecido pelo Sol por sublimação. A cauda é um rastro de poeira e gases ionizados (em azul, na foto) que pode se estender por algumas centenas de milhões de quilômetros e que o cometa vai deixando pelo caminho. A trilha de poeira se distribui ao longo da trajetória orbital do cometa mas a cauda de íons gasosos aponta sempre na direção contrário ao Sol pois é "soprada" pela radiação e magnetismo solares. Observação: Longe do Sol o cometa é apenas uma montanha gelada, escura e pequena (de alguns quilômetros) flutuando no espaço. Sua observação é muito difícil. Ao se aproximar do Sol, o cometa recebe mais calor e começa a sofrer perda gradativa de massa. A formação da cabeleira e da cauda, que refletem luz solar, faz com que o cometa se torne um astro brilhante e tamanho bem maior, o que facilita a sua observação que, muitas vezes, poderá ser feita mesmo a olho nu.

3) Se um cometa sempre perde massa ao passar perto do Sol, então pode "morrer"?
Sem dúvida. E há dois casos a serem destacados: os cometas extintos e os adormecidos. Se todo o material volátil se esgotar, o cometa será extinto pois nunca mais terá cabeleira e cauda. Mas acredita-se que alguns cometas possam agregar massa (grãos de poeira) durante a sua viagem nas regiões mais distantes do Sol, formando uma crosta que pode cobrir o material volátil ainda restante que, desta forma, não poderia mais ser sublimado. Este cometa, embora ainda tenha material para formar cabeleira e cauda, estará "blindado", numa situação que os astrônomos chamam de adormecidos.

4) De onde vêm os cometas?
Os cometas de curto período (que dão um volta completa ao redor do Sol em menos do que 200 anos) têm provável origem no Cinturão de Kuiper, disco de pequenos objetos que orbitam o Sol a uma distância além de Netuno e praticamente no mesmo plano da órbita da Terra. O nome deste cinturão vem do astrônomo Gerard Kuiper, idealizador desta hipótese Já os cometas de longo período (que dão um volta completa ao redor do Sol em mais do que 200 anos) vêm provavelmente da Nuvem de Oort, uma imensa esfera de partículas que envolve o Sistema solar, segundo o astrônomo Jan Oort. Em ambos os casos, imagina-se que os cometas sejam de alguma forma arrancados de sua órbita por forças gravitacionais e entrariam numa outra órbita de aproximação do Sol.

5) Todos os cometas sempre voltam a passar perto da Terra, assim como o cometa de Halley que retorna a cada 76 anos?
De acordo com a Mecânica Celeste, ancorada na Lei da Gravitação de Isaac Newton, órbitas mantidas por forças centrais gravitacionais podem ser fechadas (circunferências ou elipses) ou abertas (parábolas ou hipérboles). Estas quatro orbitas são o que chamamos de Secções Cônicas. Para retornar, a órbita do cometa tem que ser fechada e o cometa será chamado de periódico. Se for aberta, ele passa perto do Sol e vai embora para nunca mais voltar, perdendo-se no espaço. Já houve casos até de cometas que caíram no Sol, num verdadeiro suicídio cósmico.

6) Existe uma relação entre os cometas e as Chuvas de Meteoros?
Sim. As chuvas de meteoros ocorrem quando a Terra, em seu movimento em torno do Sol, passa através da órbita de um cometa e atrai os resíduos que ele deixou para trás. Estas partículas cruzam o céu, penetrando na atmosfera. Por atrito com o ar, sofrem superaquecimento e evaporam-se, deixando um rastro luminoso. Quase sempre nem chegam a atingir o chão pois são volatizadas completamente.

7) Os astrônomos já realizaram um experimento como este previsto na missão denominada Deep Impact (veja post anterior?
Já houve sondas que se aproximaram de cometas, como a Giotto (1985), a Deep Space 1 (1998), a Stardust (1999) e a Rosetta (2004). Mas nunca houve uma ação tão contundente como esta que a Deep Impact irá realizar. Os resultados podem ser surpreendentes.

8) Qual a importância de estudarmos os cometas?
Acredita-se que tanto no Cinturão de Kuiper quanto na Nuvem de Oort temos objetos que seriam supostamente restos do material original que pertencia ao disco de matéria que permaneceu girando em torno do Sol após a contração de uma nebulosa primária de gás e poeira interestelares na formação do Sistema Solar. Estudar estes corpos é como olhar para trás no tempo e ver como era o Sistema Solar na época do seu nascimento. Isso pode nos ajudar a entender melhor a formação de sistemas planetários e ajudar na formulação modelos matemáticos e computacionais.
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E mais:
20 coisas que a ciência já descobriu sobre os cometas (Exame)

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