segunda-feira, 15 de setembro de 2014

O ponto J



(Mensageiro Sideral - Folha) A equipe responsável pela sonda europeia Rosetta anunciou nesta segunda-feira (15) a escolha do local de pouso do módulo Philae no misterioso cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko.

Designado pela letra J, ele foi selecionado a partir de uma lista de cinco locais definidos após um mapeamento inicial do astro feita pela sonda orbitadora. E não foi fácil. Logo de cara os cientistas perceberam que a forma do núcleo do cometa — que de longe lembra um pato de borracha — dificultaria o pouso.

Uma análise dos possíveis locais de pouso confirmou essa expectativa. “Nenhum deles atingiu todos os critérios operacionais ao nível de 100%, mas o sítio J é claramente a melhor solução”, afirmou Stephan Ulamec, gerente do módulo de pouso Philae na DLR, a agência espacial alemã.

O critério mais importante acabou sendo o fator de risco. O pouso do Philae é um procedimento complicado, uma vez que o módulo não tem propulsão própria. Ele é “disparado” pela Rosetta e segue em linha reta na direção do cometa. Isso resulta numa área em forma de elipse com um quilômetro de largura — é uma região enorme, se você levar em conta que o cometa inteiro tem 3,5 km de diâmetro.

O sítio J (que será rebatizado com a ajuda do público em breve) está localizado na “cabeça” do cometa. Ele parece ser o mais seguro, com poucas inclinações com mais de 30 graus com relação ao horizonte local, o que reduz a chance de o Philae capotar ao tocar o solo. A região parece ser a que tem menos pedras grandes e recebe iluminação diária suficiente para recarregar as baterias do módulo com painéis solares. Além disso, sua localização facilita a comunicação com a Rosetta, para a transmissão dos dados colhidos para a Terra, e há sinais de atividade próxima, o que o torna cientificamente atraente.

De toda forma, a ESA também selecionou um local-reserva para o pouso, caso seja preciso trocar de última hora.

AS ÚLTIMAS SURPRESAS
O estudo das imagens produzidas pela sonda já revelou algumas coisas. Primeiro, ele parece confirmar a ideia de que o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko é composto por dois objetos que se encostaram e grudaram um no outro — um binário de contato.

Uma análise em ultravioleta surpreendeu os cientistas, pois eles não encontraram nenhuma grande superfície recoberta por gelo — o que parece estranho, uma vez que os cometas são genericamente definidos como grandes pedras de gelo sujo. Ao que tudo indica, o núcleo do cometa é bem escuro e recoberto por material orgânico. Será interessante observar o astro fazer sua gradual aproximação do Sol e compreender como a água — misturada à poeira e decerto presente no interior dele — evapora para formar a cauda. (Sabemos que a água está lá porque o mesmo instrumento que não encontrou plataformas de gelo na superfície detectou sua presença na atmosfera do 67P/C-G.)

Por fim, uma das câmeras embarcadas no Philae tirou um “selfie” da Rosetta com o cometa ao fundo. Uma imagem bonita que nos remete mais à aventura de explorar um corpo celeste misterioso do que aos resultados científicos do trabalho.

Pelo cronograma da ESA, o sinal verde para a tentativa de pouso deve acontecer no dia 12 de outubro, e o pouso deve ocorrer um mês depois, em 11 de novembro.
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