segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Notícias cometárias



(Cássio Leandro Dal Ri Barbosa - G1) Voltando a falar de cometa, duas novidades.

A primeira vem do cometa Churyumov-Gerasimenko (vamos facilitar chamando-o de CG). Esse cometa tem um período de 6,5 anos aproximadamente e atualmente está se aproximando do Sol. O seu próximo periélio, a passagem pelo ponto mais próximo do Sol de sua órbita, está previsto para agosto de 2015. Sua descoberta tem uma história curiosa.

Em 11 de setembro de 1969, o astrônomo Klim Churyumov examinava placas fotográficas à procura do cometa Comas Solá, obtidas por Svetlana Gerasimenko. Nesse dia ele notou uma mancha difusa no canto da foto e beleza, era o que ele queria. Já no fim de outubro, analisando outra foto com mais de um mês de diferença, ele notou que aquela mancha não poderia ser o Comas Solá, pois estava muito longe da posição prevista e, portanto, deveria ser um outro cometa. Revendo todas as fotos obtidas neste intervalo de mais de um mês, Churyumov encontrou o Comas Solá na posição exata dos cálculos, confirmando que aquela mancha se tratava de um cometa novo.

Outro aspecto curioso do CG é que até 1959, seu periélio tinha uma distância de 2,7 unidades astronômicas (UA), a distância entre a Terra e o Sol. Entretanto, após passar muito próximo de Júpiter, sua órbita foi alterada e hoje seu periélio dista 1,3 UA. Imagens do Hubble indicam que seu núcleo tem por volta de 4 km de diâmetro.

Bom, as notícias são que estudos publicados nesta semana na revista Astronomy & Astrophysics, indicam que esse cometa deve começar sua atividade muito antes do esperado, já em março de 2014, segundo Colin Snodgrass, do Instituto Max Planck para Pesquisa do Sistema Solar na Alemanha e seus colaboradores. Essa hipótese surgiu analisando dados obtidos entre 1995 e 2010 em vários telescópios do mundo. Em especial, os dados de 2007 mostram que esse cometa tem um comportamento peculiar, diferente dos outros cometas.

Conforme os cometas vão se aproximando do Sol, os núcleos recebem mais e mais radiação. Isso esquenta o gelo do núcleo, fazendo com que ele se evapore, às vezes em eventos violentos, formando um nuvem ao seu redor chamada coma e a própria cauda. Só que, de modo geral, é tido que os cometas se tornem ativos a partir de 3 UA de distância do Sol, quando a radiação solar é capaz de evaporar a água congelada. O CG começou a mostrar sinais de atividade, aumentando seu brilho a mais de 4 UA de distância! Isso pode significar que ele deve ter em seu núcleo muito gelo de outra natureza, além da água. Não se espera que ele se torne super brilhante, como se falava do ISON, mas que a atividade em seu núcleo se torne mais intensa do que o normal.

E o que tem de interessante nisso?

O cometa CG foi escolhido pela Agência Espacial Europeia (ESA) como alvo da missão Rosetta. Lançada em 2004, a nave Rosetta vai ao encalço do núcleo do CG e mais ou menos daqui a um ano, vai lançar uma sonda chamada Philae que deve pousar suavemente sobre ele. Essa sonda vai acompanhar todo o processo de aquecimento do núcleo e suas consequências, conforme o cometa vai se aproximando do Sol. Ainda que se saiba como um núcleo repleto deis gelo reage ao aumento de temperatura no espaço, muitos detalhes importantes ainda estão por serem esclarecidos.

Com uma atividade acima do esperado, a Philae vai ter muito o que nos mostrar!

(...)

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