terça-feira, 23 de abril de 2013

A invisível e estranha chuva de meteoros do cometa C/2012 S1 ISON

Gráfico mostra como será a trajetória de aproximação do cometa C/2012 S1 ISON no dia 27 de novembro de 2012.


(Apolo11) Além do extraordinário brilho esperado por astrônomo e observadores, o cometa C/2012 S1 ISON também poderá provocar um interessante e não menos espetacular evento aqui na Terra ao despejar toneladas de grãos de micro partículas na nossa atmosfera.

Os cálculos mostram que no dia 27 de novembro de 2013 o cometa chegará a apenas 63 milhões de quilômetros de distância do SOL e se tudo acontecer como o esperado, durante alguns dias seu brilho será maior que o da Lua Cheia, apesar de que nenhum astrônomo amador ou profissional em sã consciência coloca a mão no fogo por isso.

No entanto, além do grande espetáculo previsto, ISON também poderá produzir um efeito secundário bastante interessante e com algumas peculiaridades.

De acordo com um modelo computacional desenvolvido pelo astrônomo Paul Wiegert, da University of Western Ontario, a trajetória das partículas de poeira ejetadas por ISON durante a aproximação com o Sol poderão cruzar a orbita da Terra no dia 14 de janeiro de 2014, produzindo uma verdadeira chuva de meteoros totalmente invisível.

Os dados do modelo indicam que a esteira de fragmentos é composta por grãos de poeira extremamente finos, não maiores que alguns mícrons de diâmetro e que estão sendo sopradas em direção à Terra pela ação da pressão do vento solar à uma velocidade de 56 km/s.


Deslocamento do cometa dentro do Sistema Solar.

Teoricamente, isso deveria produzir aqui na Terra uma chuva de meteoros luminosos e convencional, mas devido às diminutas dimensões as partículas serão freadas lentamente. No entanto, se de fato isso acontecer será um evento tão lento que poderá levar anos para as partículas precipitarem.

Nuvens Noctilucentes
Segundo Wiegert, enquanto estiver na alta atmosfera a poeira poderá produzir outro fenômeno, conhecido como nuvens noctilucentes, ou NLC.

Essas nuvens situam-se a mais de 75 km e altitude e são formadas por minúsculos cristais de gelo de cerca de 100 nm de diâmetro (nm=nanômetro, a bilionésima parte do metro), extremamente tênues para serem observadas, mas que se tornam brilhantes durante a noite quando o Sol ligeiramente abaixo do horizonte ainda as está iluminando.

Recentes observações do satélite AIM, da Nasa, sugerem que as NLCs sejam semeadas por minúsculos grãos de poeira espacial, que agem como pontos de nucleação, onde as moléculas de água se juntam para formar os cristais de gelo praticamente na fronteira do espaço.


Modelo mostra a esteira de poeira atingindo a Terra. Créditos: o Paul Wiegert/ University of Western Ontario, Nasa/JPL, Apolo11.com.


A possibilidade disso vir a acontecer com as partículas do cometa ISON é meramente especulativa, mas Wiegert acredita que a enorme quantidade de poeira despejada pelo cometa possa semear nuvens noctilucentes e produzir ondulações azuladas sobre as regiões polares da Terra.

Além disso, o pesquisador observa que o chuveiro de partículas deverá atingir a Terra vindo de duas direções diferentes. Um enxame de poeira estará seguindo o cometa ISON em direção ao sol, enquanto a outra estará se movendo na direção oposta, empurrada pelo vento solar.

"Os dois enxames de partículas cometárias atingirão a Terra praticamente ao mesmo tempo e pela minha experiência isso não tem qualquer precedente", afirmou Wiegert.
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