terça-feira, 5 de março de 2013
Cometa C/2013 A1 e as incertezas do impacto contra Marte
(Apolo11) Desde que foi descoberto em fevereiro de 2013, diversas especulações passaram a ser feitas sobre o possível impacto do cometa C/2013 A1 contra o planeta Marte. Apesar dos números divergiram bastante sobre a distância de aproximação, todos concordam que o cometa vai passar extremamente perto da superfície marciana.
Descoberto em 3 de janeiro de 2013 pelo astrônomo amador Robert McNaught, o cometa recebeu a denominação oficial de C/2013 A1 Siding Spring por ter sido descoberto no Siding Spring Observatory, na Austrália. Antes de McNaught, o objeto já tinha sido detectado em 8 de dezembro de 2012 pelo observatório Catalina Sky Survey, da Universidade do Arizona, mas sem que fosse possível determinar sua orbita.
Números e incertezas
Logo no início da descoberta, os primeiros cálculos já mostravam que o cometa cruzaria bem de perto a órbita do Planeta Vermelho, mas as simulações feitas pelo aplicativo do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, o JPL, eram tão sombrias que a simples especulação sobre o impacto passou a ser vista como uma possibilidade real.
Enquanto o aplicativo gráfico praticamente mostrava o choque entre os dois objetos, os números divulgados no início de fevereiro apresentavam alto grau de incerteza e confirmavam que o cometa passaria entre zero e 900 mil km da superfície, uma distância extremamente pequena.
Com base em um maior número de observações, no dia primeiro de março o matemático e astrônomo amador Leonid Elenin divulgou novos números, dessa vez mais impressionantes. Segundo Elenin, o cometa poderá se aproximar a menos de 37 mil km da superfície. Considerando que a coma do cometa terá aproximadamente 100 mil km de diâmetro, o melhor dos cenários coloca o planeta Marte dentro da nuvem carbônica do cometa, com consequências ainda imprevisíveis sobre o ambiente marciano.
Além dos cálculos de Elenin, o aplicativo do JPL também reduziu a distância nominal de aproximação, que passou de 900 mil km para menos de 104 mil km. A distância mínima, entretanto, permanece em zero km. Isso demonstra que a NASA ainda não tem uma estimativa razoável para divulgação, já que em todas as simulações feitas para outros objetos o campo para distância quase nunca apresenta esse valor ou é deixado em branco.
Essa lacuna da distância mínima pode ser explicada pelo fato de que a agência americana ainda não determinou com exatidão o momento da máxima aproximação. De acordo com os dados do aplicativo, a hora da aproximação máxima será às 21h00 UTC do dia 19 de outubro de 2014, com um período de incerteza de 04 horas e 20 minutos. Considerando que o cometa cruzará a órbita marciana a 200 mil km/h (55.9 km/s) e pode cobrir 800 mil km em quatro horas, a determinação do momento exato da aproximação e também da velocidade do cometa são pontos fundamentais para se determinar a altitude da passagem.
Além dos dados apresentados, medições realizadas em 1 de março de 2013 pelo astrônomo amador eslovaco Tomas Vorobjov também colocam o cometa muito próximo da superfície marciana, com um valor ligeiramente maior que Leonid Elenin: 70 mil km.
Outros dados
De acordo com o programa planetário Stellarium, o momento da máxima aproximação ocorrerá às 00:08 UTC do dia 20, apenas três horas após o valor calculado pelo aplicativo do JPL e dentro da margem de incerteza informada pelo órgão americano.
Mesmo assim, os valores calculados pelo Stellarium para a aproximação mínima divergem dos números do JPL, mas são compatíveis com os primeiros dados divulgados pelo instituto. Pelos cálculos do Stellarium o valor mínimo será de 0.0059 AU, ou seja, aproximadamente 870 mil km de distância.
Mais observações
Até agora, o arco da órbita do cometa C/2013 A1 foi calculado a partir de apenas 74 observações e novas análises precisarão ser feitas para que o shape da elipse possa ser computado com maior precisão, mas apesar das incertezas atuais não há qualquer dúvida que a aproximação entre Marte e o cometa será realmente perigosa.
Consequências
Estima-se que o núcleo de C/2013 A1 tenha entre 8 e 50 km diâmetro. Deslocando-se a 56 km/s em relação ao Planeta Vermelho, o objeto tem energia cinética equivalente a 20 bilhões de megatons de TNT.
Se impactar contra Marte, poderá formar uma cratera com 10 vezes o tamanho do núcleo cometário e injetar no ambiente marciano novos materiais e elementos químicos, com consequências imprevisíveis.
Mesmo que a colisão não aconteça, uma passagem tão próxima poderá provocar alterações, já que o planeta poderá ser envolvido pela gigantesca coma cometária, estimada em mais de 100 mil quilômetros de diâmetro.
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