segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Cometa C/2012 S1 ISON pode ser o mais brilhante de todos os tempos



(Apolo11) À medida que o cometa C/2012 S1 ISON se aproxima da Terra, as especulações sobre seu tamanho, magnitude e risco potencial começam a crescer. Apesar de muitas dúvidas, o que se sabe é que o cometa poderá ser de fato o mais brilhante dos últimos tempos. Ou então, o maior fiasco.

Sempre que algum um cometa ou asteroide é previsto a se aproximar bastante do Sol ou do nosso planeta, as especulações sobre sua origem, tamanho e risco de colisão começam a pipocar nos meios de comunicação. Foi assim com Ikeya-Seki, em 1965, Hale-Bopp em 1995, Kohoutek em 1975 ou mais recentemente com C/2006 P1 McNaught, em 2007 ou Elenin em 2011.

Recentemente, a descoberta do cometa C/2012 S1 ISON também ganhou bastante destaque na mídia virtual, principalmente por estar previsto que o objeto brilhará muito no final de 2014, com alguns modelos apontando valores absurdamente baixos de magnitudes negativas próximas a 18, o que em termos práticos significa um verdadeiro holofote no céu. (Apenas para lembrar, quanto menor um valor de magnitude, mais brilhante é o objeto).

A descoberta
O cometa C/2012 S1 ISON foi observado pela primeira vez através de imagens CCD registradas nos observatórios de Monte Lemmon e Panstarrs, nos EUA, entre 28 de dezembro de 2011 e 28 de janeiro de 2012, mas só teve sua órbita calculada a partir das observações feitas pelo astrônomo russo Artyom Novichonok e pelo seu colega Vitali Nevski, da Bielorússia, que utilizaram imagens feitas pelo telescópio robótico de 400 milímetros pertencente à rede ISON (International Scientific Optical Network), próximo à cidade de Kislovodsk, na Rússia.

A órbita de C/2012 S1 ISON é do tipo hiperbólica, portanto não é considerado como parte do Sistema Solar. Ao que tudo indica, o cometa teve origem na chamada nuvem de Oort, uma hipotética região do espaço localizada a 7.5 trihões de quilômetros (50 mil UA - unidades astronômicas), onde supostamente os cometas e asteroides se formam.

De acordo com alguns modelos matemáticos, a nuvem de Oort poderia abrigar entre um e cem bilhões de cometas, sendo a sua massa estimada em aproximadamente cinco vezes a da Terra.

Aproximação Máxima
Os primeiros cálculos feitos após a descoberta mostravam que o cometa C/2012 S1 ISON atingirá o periélio (menor distância do Sol) em 28 de Novembro de 2013, quando chegará a uma distância de apenas 1.8 milhões de quilômetros do centro da estrela, ou 1.1 milhão de km da sua superfície.

Os cálculos também mostraram que em 1 de outubro de 2013 o cometa passará a apenas 10 milhões de quilômetros do planeta Marte e em 26 de dezembro atingirá seu menor ponto de aproximação com a Terra, a 60 milhões de quilômetros de distância.

Apesar desses valores poderem sofrer pequenas correções, não há qualquer chance de C/2012 S1 ISON se chocar contra a Terra ou Marte, mas o mesmo não pode ser afirmado com relação ao Sol, já que a distância entre os objetos será tão pequena que a gravidade da estrela poderá atrair, sublimar ou esfacelar o cometa.

Tamanho e Brilho
Mesmo sem qualquer chance de colisão contra a Terra, o que chama a atenção deste cometa é sem dúvida a sua aproximação com o Sol, prevista para novembro de 2013.

Atualmente, C/2012 S1 ISON não passa de uma tênue luz que só pode ser vista com telescópios de grande porte, mas esse panorama deverá mudar na medida em que o Sol começar a aquecer o núcleo cometário e vaporizar o gelo que compõe a maior parte de sua estrutura, transformando-a em uma grande cabeleira e uma longa cauda soprada pela ação do vento solar.

Quando foi imageado pelo observatório Remanazacco, na Itália, em 22 de setembro de 2012, C/2012 S1 ISON estava a cerca de 6.547 AU, ou seja, 975 milhões de quilômetros da Terra. Na ocasião, os registros mostravam que a coma do cometa ocupava cerca de 5 segundos de arco na abóbada celeste, o equivalente a 23 mil km de diâmetro. No entanto, com a aproximação e consequente ação do Sol, esta coma deverá crescer muitas vezes e se tornar cada vez mais brilhante.

De acordo com alguns modelos de magnitude, o brilho de C/2012 S1 ISON poderá atingir até 19 magnitudes negativas. Isso é cerca de 4000 vezes o brilho que o cometa C/1965 S1 Ikeya-Seki apresentou em 1965 ou então 40 vezes o brilho da Lua Cheia.

No entanto, em uma projeção feita pelo Apolo11 usando o modelo SSD (Solar System Dynamics), da Nasa, a menor magnitude (maior brilho) alcançada foi de -11.64 magnitudes, a ser observado no dia 29 de dezembro de 2013. Apesar de ser uma diferença muito grande para outros modelos, ainda assim o brilho de C/2012 S1 ISON será quase três vezes maior que o do cometa Ikeya-Seki ou 25 vezes mais intenso que o do cometa C/2006 P1 McNaught, que chamou muito a atenção em 2007 e pode ser visto até mesmo durante o dia.

Cometas mais Brilhantes
Até hoje, o cometa mais brilhante já observado e que teve sua magnitude estimada foi C/1965 S1 Ikeya-Seki, que em 1965 foi visto à luz do dia ao brilhar com 10 magnitudes negativas. Depois dele foi a vez de C/2006 P1 McNaught, o segundo cometa mais brilhante já registrado. McNaught atingiu magnitude negativa de -5.5 e se tornou um show no céu de todo o mundo, inclusive no Brasil, onde também pode ser visto à luz do dia.

C/1995 O1 Hale-Bopp, um dos cometas mais conhecidos de todos os tempos também brilhou forte e recebeu o título de Grande Cometa de 1997 ao se apresentar com magnitude de -0.8. A Passagem de Hale-Bopp deu origem a muitas preocupações e receios já que nenhum cometa com a magnitude de Hale-Bopp era visto há várias décadas. Na ocasião, membros de uma seita chamada Heaven's Gate cometeram suicídio em massa com medo de um grande nave extraterrestre que estaria acompanhando o cometa.

Dúvidas sobre C/2012 S1 ISON
Os cometas são astros bastante temperamentais e muito sujeitos ao calor e forças gravitacionais intensas, que podem atraí-los e parti-los em pedaços. No caso de C/2012 S1 ISON, as duvidas se concentram em saber como o cometa vai se comportar ante a ameaça do Sol, que em alguns meses já começará a aquecer o seu núcleo para depois atraí-lo.

Durante o período de aproximação máxima, C/2012 S1 ISON terá grande parte de seu material sublimado, o que resultará na formação de uma grande cabeleira criada pelos gases e pelo material cometário. Esse material será soprado para longe pela ação do vento solar, dando origem à chamada cauda do cometa.

Antes do periélio, o cometa deverá ser visto na constelação de Virgem próximo ao nascer do Sol, mas durante o periélio sua observação será praticamente impossível de ser feita à vista desarmada, já que estará a menos de 1 grau angular da estrela. Para vê-lo, os interessados deverão recorrer às imagens dos telescópios espaciais solares, especialmente o SOHO e SDO, cujas imagens estão disponíveis no Apolo11.

Se sobreviver à tórrida aproximação, C/2012 S1 ISON passará a ser visto no período que antecede o pôr-do-Sol durante vários dias. Seja como um grande e espetacular cometa ou como um grande e espetacular fiasco celeste. Só o tempo dirá.

Continue acompanhando!
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