Nasa lança comunicado sobre falsas informações veiculadas na internet
(Ciência Hoje - Portugal) A passagem do Cometa Elenin "perto" da Terra e o fenómeno na Internet de que “algo catastrófico” pode acontecer no planeta em breve levou a NASA a lançar recentemente um comunicado intitulado «Cometa Elenin não ameaça Terra». Terramotos, furacões, tsunamis, chuva de meteoros, construção de abrigos subterrâneos na Rússia, compra de kit´s de sobrevivência ou comparações ao hipotético Planeta X são algumas das informações veiculadas na Internet relacionadas com a passagem do cometa.
Segundo cálculos da NASA, o Elenin – detectado a 10 de Dezembro de 2010 por Leonid Elenin (Lyubertsy, Rússia) e cujo nome científico é C/2010 X1 – atingirá a máxima aproximação do nosso planeta no próximo dia 16 de Outubro. “O que posso dizer para já é que não há perigo algum, porque vai passar muito longe”, disse o investigador Nuno Peixinho, do Observatório Astronómico da Universidade de Coimbra e do Centro de Física Computacional.
O cientista português refere ainda que não irá tapar o sol, já que para o conseguir teria de estar a 400 quilómetros de distância da Terra e aquele corpo celeste vai passar a uma distância de 35 milhões de quilómetros, o que equivale quase cem vezes a distância da Terra à Lua.
“Seria a mesma coisa que um mosquito passar entre nós e o sol, não o vemos”, exemplifica o especialista da área da Astronomia, desmistificando também a ideia divulgada na Internet que o Elenin facilite o aparecimento de catástrofes naturais, como tsunamis, porque simplesmente a força da gravidade exercida sobre a Terra pelo cometa “é mínima”, sendo, na prática, essencialmente nula.
Mas o fenómeno na Internet sobre o cometa Elenin é de tal ordem que até já se compara aquela bola de gelo sujo com um diâmetro entre os três e os cinco quilómetros, a uns eventuais Planeta X ou ao Planeta Vermelho, recorrendo a místicas interpretações de antigas hipóteses científicas já há muito refutadas.
A chegada de uma nave espacial com uma civilização alienígena também são conjecturas que se podem ler em vários sítios da Internet quando se faz uma pesquisa por “cometa Elenin” e há sítios virtuais que referem que os russos decidiram aumentar o número de abrigos em bases subterrâneas como um plano de emergência à passagem do Elenin.
Há outros sítios na Internet que indicam que a NASA está num nível de alerta máximo e que a FEMA (Federal Emergency Management Agency), começou a instalar câmaras de vigilância nos EUA para capturar a “queda de meteoritos”.
Especulações incorrectas
O cientista Don Yeomans, da NASA, afirma que se têm “verificado especulações incorrectas sobre o alinhamento do Elenin com outros corpos celestiais”. No documento da agência espacial lê-se também que o tamanho do cometa é “modesto”, apresentando um diâmetro entre três a cinco quilómetros, e que não oferece “ameaça à Terra”.
O Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP) também defende que a passagem do cometa não terá “nenhuma influência na Terra”, nem “causará escuridão”, porque o cometa nem sequer “cruzará o disco solar e mesmo que cruzasse é tão pequeno e está tão longe que não se notaria diferença no brilho aparente do Sol".
“Os cometas são objectos muito pouco densos – são uma mistura de rocha e gelo - e não têm nenhum tipo de influência gravitacional significativa” sobre nós, esclarece Nelma Alas, do CAUP. O Núcleo de Divulgação do centro informa ainda que nem sequer se sabe ainda se o cometa Elenin será visível a olho nu no céu nocturno. “Pensa-se que com uns bons binóculos se conseguirá observar, mas é claro que também é necessário um bom céu – sem nuvens e sem poluição luminosa”, indica Nelma Silva, do NDCAU, recordando, por exemplo, que o cometa Hale-Boop, o mais brilhante das últimas décadas, foi bem visível em 1997 a olho nu.
Cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS), 16-Octubre-2024
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