quarta-feira, 1 de junho de 2011

Brasileiro descobre cometa

(Costeira / REA) O brasileiro Paulo Holvorcem descobre seu 3º cometa, desta vez em parceria com M. Schwartz, usando os instrumentos do Observatório Tenagra II (astrógrafo de 0,41-m f/3,75 + CCD e telescópio Ritchey-Chretirn 0,81-m f/7 + CCD). Este cometa foi descoberto em 26 de maio de 2011 como um objeto de magnitude 19,5 na constelação de Ofiúco, cerca de 36' ao sul da estrela variável R Oph. As outras descobertas de Paulo Holvorcem foram os cometa C/2002 Y1 (que atingiu a 6a magnitude) e C/2005 N1.


(continua aqui)

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Outras informações aqui

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Bastidores da descoberta do cometa, nas palavras do próprio descobridor (REA):

Em 11/maio recomeçamos as buscas com o astrógrafo de 41 cm no Tenagra depois de um hiato de uns 10 meses. Em maio e junho de 2010, os primeiros em que o astrógrafo operou, encontramos dois NEOs (2010 KA8 e 2010 LN14). Desde 11/maio encontramos dois NEOs (2011 KF4 e 2011 KP17) e este cometa.

E muitos outros asteroides com órbitas mais comuns (cinturão principal, Hungarias, objetos que cruzam a órbita de Marte, Hildas, etc.). O tempo também ajudou, tivemos 21 noites sucessivas de tempo limpo. Quando começamos as buscas eu não imaginava que ainda fosse possível descobrir tantos asteróides (e até cometas) com um telescópio de apenas 41 cm de
abertura (mas um campo grande, 1.4 x 1.4 graus).

O C/2011 K1 se manteve "escondido" perto do plano da Via Láctea à medida que aumentava de brilho, e assim não surpreende que outros não o tenham encontrado antes. Aquela região perto do plano praticamente não é varrida pelos programas de busca (exceto o LINEAR, que só agora conseguiu detectá-lo, quando o cometa está próximo do seu brilho máximo, por volta de mag. 19).

E o seu caminho para o sudoeste é praticamente paralelo ao plano da galáxia, de modo que ele permanecerá "escondido" nas regiões com alta densidade de estrelas até novamente perder brilho.

Na descoberta deste cometa foi utilizada uma técnica de subtração de imagens que eu desenvolvi há alguns anos para remover o sinal dos objetos de fundo, tornando mais fácil detectar os objetos móveis em áreas com grande densidade de estrelas. Com esta técnica é possível fazer buscas mais perto do plano da galáxia, que programas de busca como o Catalina tendem a evitar.

Em 11/março de 2011 (por coincidência o dia do tsunami no Japão e aniversário do atentado no metrô na Espanha) minha casa foi invadida por três assaltantes armados, que não nos machucaram, mas levaram todos os nossos equipamentos de informática, incluindo gigabytes de dados astronômicos (felizmente já analisados e publicados), discos rígidos externos de backup, o nosso carro (que já tinha 10 anos, mas funcionava muito bem), etc. A polícia de Porto Seguro falhou ao não dar um alerta de carro roubado imediatamente, e eles sumiram no mundo sem dificuldade. Foi um grande prejuízo, que felizmente foi parcialmente coberto por seguros que tínhamos, após muita burocracia e espera. Por quase dois meses fiquei só resolvendo os transtornos decorrentes do assalto, melhorando a segurança da casa, etc. Ainda estou trabalhando em um notebook emprestado de um colega da minha esposa. Agora as coisas estão se normalizando, e estas descobertas ajudam a deixar para trás o período desagradável que se seguiu ao assalto.
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